GRIPE- O que É e Como se Pode Tratar

Atenção: A informação aqui apresentada é geral e de carácter informativo. Só um médico qualificado está apto a diagnosticar qualquer problema de saúde e a prescrever o tratamento adequado. Em caso de dúvida, ligue para a SAÚDE 24 (808 24 24 00) ou contacte o Pediatra dos seus filhos


O QUE É?
A gripe é uma doença viral aguda muito contagiosa causada pelo vírus Influenza do qual se conhecem três tipos - A, B e C. Apenas os vírus A e B causam doença com impacto significativo na saúde pública. O vírus influenza A sofre mutações antigénicas mais frequentes que o vírus do tipo B e é o principal responsável pelas epidemias mais alargadas, incluindo as pandemias.
O vírus é transmitido aos indivíduos susceptíveis através das secreções respiratórias e tem um período de incubação de 2-7 dias (média de 2 dias). A doença dissemina-se rapidamente entre a população, particularmente em condições de maior aglomeração (locais fechados, como jardins-de-infância, escolas, salas de espera de serviços de urgência, veículos de transporte colectivos, hipermercados, etc.). O período de transmissão decorre desde 1 a 2 dias antes do aparecimento dos sintomas até 7 dias depois. Apesar de não se considerar que haja estado de portador, as crianças mais pequenas e os imunodeprimidos tendem a alojar o vírus durante períodos mais longos.
A infecção atinge todos os grupos etários, sendo as crianças as mais afectadas em termos de incidência.
Alguns estudos referem que a gripe é muito frequente em crianças em idade pré-escolar, com surtos epidémicos que podem exceder os 40%. As epidemias de gripe ocorrem quase exclusivamente durante os meses de Inverno, mas a gripe ocorre, geralmente, de Novembro a Março.
A doença aguda dura 3-5 dias, podendo a tosse, a letargia e a fadiga durar várias semanas.
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico presuntivo de gripe é clínico, baseando-se o diagnóstico definitivo no isolamento do vírus e/ou na identificação do genoma viral.
TRATAMENTO:
O tratamento é sintomático. Para além do reforço hídrico e do repouso, devem tratar-se os sintomas:
  • para a febre e dores, paracetamol e/ou ibuprofeno;
  • para a tosse, “xarope de cenoura” ou chá de limão com mel e/ou oxolamina;
  • para a obstrução nasal, limpeza nasal com soro, fenilefrina; etc.).
Não dê ácido acetilsalicílico ao seu filho (pelo risco de lhe poder provocar uma doença grave – síndrome de Reye.)
COMPLICAÇÕES:
A complicação mais frequente da gripe é a sobreinfecção bacteriana (otite média aguda (10-50% das crianças pequenas), pneumonia, sinusite, etc.) por Streptococcus pneumoniæ, Haemophilus influenza ou Staphylococcus aureus , necessitando estas sim antibioticoterapia.
A pneumonia por vírus Influenza é menos frequente, mas tem uma elevada letalidade.
Outras complicações: laringotraqueíte, laringotraqueobronquite, miosite aguda, meningite asséptica, convulsões febris, síndrome de Guillain-Barré, síndrome de Reye, miocardite, pericardite, etc.
Peça ajuda ao Pediatra Assistente se:
  • A febre se mantiver mais de 3-5 dias e/ou houver um recrudescimento da febre
  • O seu filho apresentar manifestações de dificuldade respiratória (pieira, etc.)
  • A tosse, a letargia e o mal-estar se mantiverem mais de 15 dias

PREVENÇÃO:
A vacinação anual contra a gripe é a melhor forma de prevenir a doença e reduzir o impacto das epidemias.
A eficácia da vacina depende da concordância antigénica entre as estirpes contidas na vacina e as estirpes que provocam a epidemia e da idade e imunocompetência da pessoa vacinada.
Após a vacinação o nível de anticorpos que confere protecção é atingido, geralmente, ao fim de 2 semanas (embora na primovacinação em crianças possa ser um pouco mais longo) e persiste por um período inferior a 1 ano porque o vírus da gripe muda (muta) constantemente, surgindo novos tipos de vírus para os quais as pessoas não têm anticorpos protectores. Por isso, a composição da vacina muda todos os anos.
Actualmente, existe alguma controvérsia quanto à vacinação universal (a todas as crianças) contra a gripe porque a disponibilidade da vacina para a gripe é limitada. Infelizmente, a vacina contra a gripe é um bem escasso, em pleno século XXI, pelo que deve ter uma utilização prioritária nos grupos de maior risco.
Constituem indicações indiscutíveis para a vacinação contra a gripe as seguintes:
  • Doenças pulmonares crónicas (asma, displasia broncopulmonar, fibrose quística)
  • Doenças cardíacas congénitas causando perturbações hemodinâmicas significativas
  • Hemoglobinopatias (drepanocitose, etc.)
  • Terapêuticas e/ou doenças imunossupressoras (leucemias, linfomas, etc.)
  • Doenças renais crónicas
  • Doenças metabólicas crónicas (diabetes, etc.)
  • Doenças que necessitem de terapêutica crónica com ácido acetilsalicílico
  • Crianças em contacto estreito com outras crianças/adultos com as doenças anteriores.
A vacina deve ser administrada anualmente, preferencialmente, em Outubro/Novembro, podendo, no entanto, ser administrada durante o Outono/Inverno. No decurso de um surto ou epidemia de gripe a vacina pode ser administrada aconselhando-se o complemento com a quimioprofilaxia com medicamentos antivirais.
Outras medidas de prevenção:
· Lavar as mãos com frequência
· Evitar os factores facilitadores da transmissão do vírus da gripe, tal como, o agrupamento de
pessoas em recintos fechados (creche, jardim-de-infância, escolas, meios colectivos de transporte, discoteca, etc.)
· Quimioprofilaxia com medicamentos antivirais (apenas em casos seleccionados)
Atenção:
A informação aqui apresentada é geral e de carácter informativo, sendo necessários uma avaliação e um plano de actuação concreto e adequado às características e às necessidades específicas de cada criança/jovem, pelo que o autor não se responsabiliza por quaisquer danos provocados por má prática, por erros de interpretação, de diagnóstico, de cálculo, de prescrição ou quaisquer outros.

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